quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Para especialistas, espaço de endividamento do brasileiro deve ser visto com cautela

SÃO PAULO - O comentário do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que as famílias brasileiras ainda têm potencial para se endividar, repercutiu positivamente entre especialistas do assunto, mas gerou discussões em alguns pontos.

Para o economista e superintendente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo, o brasileiro tem condições de se endividar à medida que o emprego e a renda crescem. No entanto, a cautela é essencial no momento de levar os gastos a campo.

"O fato de que existe espaço para endividamento não significa que ele seja ilimitado. No conjunto, ainda há espaço, mas já existem pessoas que beiram o limite do endividamento", afirma Solimeo.

Na avaliação do assessor econômico da Fecomercio, Fabio Pina, o crédito atingiu camadas antes nunca vistas na sociedade brasileira. Esse movimento, explica o especialista, corrobora com o espaço útil para o endividamento dos consumidores no País.

"Nos últimos anos vimos casas, automóveis e eletrodomésticos indo para o interior. Nosso sistema de crédito chegou onde os integrantes das classes C e D se encontram, tudo ficou mais fácil", diz Pina.

Comparações
Os especialistas compactuaram da mesma opinião quanto ao comentário do ministro de que o brasileiro têm baixo nível de endividamento, na comparação com os consumidores dos EUA e Japão.

Para ambos, a renda nesses lugares é muito maior do que aqui, motivo do maior nível de contração de dívidas por esses consumidores estrangeiros.

"Não podemos nos entusiasmar com cálculos globais e passarmos a estimular o endividamento. É preciso que cada um analise sua situação com muita cautela", observa Solimeo.

Imóveis
De acordo com Mantega, a construção brasileira passa por um "boom", e o consumidor está propenso a pensar na casa própria ou na melhoria da habitação. O ministro também descartou as chances de o País passar por problemas imobiliários, a exemplo do ocorrido nos EUA.

A receptividade dessa avaliação de Mantega foi positiva entre os especialistas. Segundo eles, o brasileiro realmente vive um bom momento para comprar o imóvel próprio.

Solimeo ressalta que muitos brasileiros já supriram as necessidade básicas e passaram a sonhar um degrau acima. Com os valores e as prestações mais acessíveis, muitos consumidores deverão realizar o sonho da casa própria.

"As chances de o País passar por um "boom" imobiliário são mínimas, visto que as taxas médias desse investimento são completamente diferentes dos EUA, por exemplo", afirma Pina.
Equipe InfoMoney
13/10/10 - 18h14
InfoMoney

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